terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Em algum banco...

"(...) Em algum banco desta praça, ou andando embaixo das árvores, alguém que poderia ser meu amigo esteve ou estará; alguém, homem ou mulher, mais próximo dos meus gostos do que as pessoas com as quais vivo. Não verei nunca, não saberei que respirou a umidade de uma tempestade de verão enquanto cruzava a praça de Santa María e ia mudando ociosamente, por brincadeira e desesperança, a posição dos materais que compunham seu mundo. Talvez tenha decidido aqui mesmo, passo a passo sobre o pedregulho revolto, dedicar sua vida a um só propósito ou, dá no mesmo, renunciar a todos os propósitos. Para mim é igualmente fácil compartilhar sua fé e a risada um pouco assombrada, um pouco medrosa, com que acolherá ou acolheu sua renúncia."

Juan Carlos Onetti, Junta-cadáveres (uruguayo)

9 comentários:

Anônimo disse...

hm, coluna do meio...estranho isso vindo de vc...

gil disse...

Coluna do meio???
O excerto fala sobre renúncia e, principalmente, solidão.

Nida Ollem disse...

Renúncia, pra mim e meu passado forçado na igreja, é uma palavra muito cristã.

Anônimo disse...

solidão acontece quando paramos de nos posicionar diante do mundo e das pessoas...enquanto mantermos viva alguma idéia, que não seja a própria solidão, nunca estaremos sozinhos...solidão é quando renunciamos a nós mesmos...

Livy disse...

http://www.youtube.com/watch?v=LGwMfJMyyfw

Ive Negrini disse...

Que eu escreva nos livros o que os livros me escrevem.Que eu use somente as palavras que tenham sentido... e essas tem.
sentido e cheiro de tangerina.

gil disse...

http://www.youtube.com/watch?v=RXfzyc92EuI&feature=related

camila f. disse...

ai que triste giiiiiil, tira issooooooo!

Ive Negrini disse...

ela, "a diva dos pés descalços" [não é triste, é cor]
'E eu trouxe até mim a misteriosa essência do teu abandono desordenado...