quinta-feira, 12 de março de 2009

Der rapo.

Se eu conto ninguém acredita:
vi um poema quebrar!
A pedra estava lisa;
era inevitável:
o eu lírico derrapou,
levou as pernas aos ares
e deu a bunda à queda:
crec.

Com um exame expedito
digno de um especialista
assinei o laudo:
solução simples:
é pegar o manual
do sistema internacional
e abrir na página tal.

Com a régua em punho
adverti que seria um pouco tétrico:
aplicaria o sistema métrico.

do-ze-si-la-bas-,a-ul-ti-ma-to-ni-cá
com-a-fer-ra-me-nta-cor-re-ta-é-pra-já

Apertei e ele espanou:
"Oh, chuva que cais. Por que
não escolheste um pingo a menos?
Ou, ao menos, cair em outros terrenos?"

Percebi que não ia bem:
acentuava os verbos
enquanto obstruía pronomes.

Tentei tirar-nos do temporal
mas sua cadeira estava muito mal:
sabia que não agia de má-fé...

Ah, não posso acreditar!
Acabaram de roubar
da entrada do café

o meu guarda-chuva.