quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Talvez seja mais difícil

Talvez seja mais difícil


..........Quando vi, uma mulher estava me olhando. Usava óculos e tinha cabelos cacheados pretos. Que fazer? Nada, oras. Continuei conversando com meu amigo. Ele já tinha se assanhado com a garçonete. Trocaram e-mails. A coisa ia bem.
..........A essas alturas o vinho já tinha se esvaído. E cerveja não desceria.
..........Cru como sempre, continuei trocando olhares, estático. Estacado no banco. A música rolando (até que não era tão ruim). Ela, cercada pelos amigos. Impossível.
..........Nossa conversa ia sobre terapia e frustrações. Seria psicologia de bar pior que filosofia de boteco? Nada como um assunto sério para uma noite de sexta-feira num bar alternativo.
..........O outro que estava conosco ainda tinha esperanças de que minhas amigas chegassem. Nada. Era mentira. Não viria ninguém. A única pessoa que conseguimos chamar para vir foi mais um cara. Gente fina, boa conversa. Mas que, pelo jeito, não viria também.
..........Claramente, agora, escrevo numa perspectiva de putaria, ou seja, este relato vai de mal a pior. Mas se fôssemos tranqüilos para aquele lugar, a noite fluiria como uma noite cálida subtropical. Não era o que queríamos. Era preciso a comédia do fracasso.
..........- Vai lá e fala qualquer coisa.
..........- Ah, porra. Jogar conversa fora...
..........- Claro. O que mais é isso aqui?
..........Ele me chutou.
..........Sóbrio e inseguro, me vi sentado ao lado dela.
..........- Oi. Como se chama?
..........- %¨@¨#¨%. E você?
..........- Pedro. (meu olhar vagando)
..........- Que tu faz da vida, assim... (o dela, vago)
..........- Sou engenheiro. E tu?
..........- Psicóloga.
..........- Hum...
..........Lancei um beijo. Claramente ela não estava para perder tempo com bobagens. Eu também não queria isso.
..........Começamos tranqüilamente. Em seguida pensei jogar um pouco de lenha. Minha mão foi passeando lentamente, insinuante por peles mais sensíveis, lugares menos iluminados.
Estávamos numa mesinha, numa parede, ali pelo meio. Levantava a camisa dela, pois não havia como buscar os peitos sem isso. Ela não pareceu se incomodar.
..........Sentada na cadeira, a bunda ficava inacessível. Pensei em nos levantarmos para melhorar os movimentos. Mas os beijos é que estavam guiando a coisa. Ela não usava muito a língua, gostava de chupar a minha. E eu buscando a dela, lá no fundo. Queria chupá-la.
..........- Vamos para o banheiro!
..........- Ai.
..........Fui na frente.
..........A porta estava trancada.
..........No pequeno espaço, que mal cabia um casal, ficamos trancando a passagem.
..........Ela parecia querer arrancar minha língua. Aquilo me empertigou. “Se ela chupasse meu pau, sem dúvida, eu perderia a cabeça”. Depois disso, meu pinto, que já tinha endurecido e amolecido algumas vezes, ficou relutante num meio termo. “Que merda. Nós aqui na porta do banheiro, e isso agora.”. E os dentes eram afiados. Minha língua estava meio esfolada, já. Resolvi ir por outros caminhos. O pescoço, a orelha. Ela gemia devagar. De pé, minha mão agarrou aquela bunda com vontade. Tinha que acender meu fogo: o banheiro estava ali, a menos de um passo.
..........Subi a pegada pela barriga até encontrar novamente o peito. Contornando o sutiã, aproveitei para trabalhar com a outra mão e mordê-la no pescoço. Ela gemia, devia estar muito molhada. Peguei aquele peito quente e esfreguei os dedos no mamilo duro. Ela me puxava forte juntando nossos corpos, querendo sentir meu pau. Merda. Ainda não. Desci a mão do peito para a boceta.
..........- Quero te chupar!
..........Estava quente. Minha ceroula deixava minhas pernas molhadas de suor.
..........Massagiei lentamente pela calça, mas em seguida o banheiro vagou. Ela disse:
..........- Preciso ir antes.
..........E se trancou.
..........Hum...
..........Encostei na parede. Pensei em várias sacanagens. Antes de ela sair me dei conta. “Estou sem camisinha. Filho da puta! E agora que a coisa tá ficando séria”. Olhei para baixo, procurando apoio. A porra do pau tava mais mole que no dia do velório do meu vô, quando eu tinha doze anos.
..........Ela saiu e me agarrou para beijar mais. Fiquei ali encostado na parede. Pensava mais que beijava. O circo tava armado, e nem fogo eu tinha mais. E se fôssemos realmente para o banheiro? Masturbação, pegadas, chupadas? O pau que era uma maria-mole, aquela boca querendo arrancar a cabeça dele, sem camisinha, de ceroulas, no único banheiro de um bar lotado...
..........Eu precisava me livrar dela.
..........Foi aí que percebi que, talvez, mais difícil que chegar numa mulher é deixá-la.
..........Olhei em volta, procurando meus amigos. Cada casal que me aparecia, eu via um deles ocupado. Merda.
..........Enrolei mais um pouco.
..........- Vou tomar alguma coisa.
..........Pedi um... er... uma soda.
..........- Você não gosta de dançar, né? Ficou sentado o tempo todo lá no canto.
..........- Hum.
..........Ficamos dançando um pouco juntos. Eu de saco cheio. Cadê eles?
..........Quando ela reencontrou os amigos delas, aproveitei:
..........- Vou ver onde estão os caras que vieram comigo.
..........- Tá.
..........Fui para um outro ambiente, onde não conseguia ver as pessoas.
..........Haha. Estavam lá. Conversando numa mesa.
..........- Estamos só te esperando.
..........- Vamos embora. Rápido.
..........Aproveitei para não dar tchau e saí sem que ela me visse.

26/07/08

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