terça-feira, 2 de setembro de 2008

Sobre a Mundanidade

Quem quiser compreender o que se quer dizer com o termo mundanidade, criado, ou melhor, usado por Heidegger em Ser e Tempo terá que se esforçar bastante. O núcleo duro da filosofia originária deste grande filósofo do século XX é a pergunta: qual é o sentido do ser? Desfazendo-se de toda a metafísica anterior e caminhando por investigações fenomenológicas ele vai nos mostrando que não há um interior e um exterior, alma numa esfera, corpo em outra, mundo em outra ainda. Nós todos estamos sendo no mundo e as coisas, entes simplesmente dados, vão se mostrando por já estarem abertos e passíveis de manualidade.

Antes que eu confunda tudo tentando recontar a história ontológica de Heidegger, vou copiar um parágrafo significativo que, de todo, não entendi nada.

Ajuda?


"O deixar e fazer previamente junto... com... funda-se numa compreensão de deixar e fazer em conjunto, numa compreensão do estar junto e do estar com de uma conjuntura. Isso e o que lhe subjaz mais remotamente como o ser para isso, em cuja conjuntura se dá a função para onde, em última instância, retorna todo para quê (Wozu), tudo isso deve estar previamente aberto numa certa possibilidade de compreensão. Mas em que o ser-aí se compreende pré-ontologicamente como ser-no-mundo? Na compreensão do contexto de remissões supramencionado, o ser-aí se referiu a um ser para, a partir de um poder ser explícito ou implícito, próprio ou impróprio, em função do qual ela mesma é. Assim, delineia-se um ser para isso, como possível estar junto de um deixar e fazer em conjunto, o qual estruturalmente deixa e faz entrar junto com alguma coisa. A partir de uma função, o ser-aí sempre se refere ao estar com de uma conjuntura, ou seja, permite sempre, na medida em que é, que o ente venha ao encontro como manual. A perspectiva dentro da qual se deixa e se faz o encontro prévio dos entes constitui o contexto em que o ser-aí se compreende previamente segundo o modo de remissão. O fenômeno do mundo é o contexto em quê (Worin) da compreensão referencial, enquanto perspectiva de um deixar e fazer encontrar um ente no modo de ser da conjuntura. A estrutura da perspectiva em que o ser-aí se refere constitui a mundanidade do mundo."

(Ser e Tempo, Heidegger, final do parágrafo 18).

3 comentários:

Unknown disse...

Eu já li um pedaço d'O Ser e o Tempo. Desisti.

É um labirinto, e eu me pergunto se tem realmente alguma coisa lá ou se não passa de um monte de enrolação. Não sei, não.

gil disse...

Estou lendo o livro desde o início e tendo explicações de um professor muito massa da filosofia-Ufsc, o Hebeche.
Deu para acompanhar numa boa, mas depois do parágrafo 14 tudo ficou confuso. É a parte onde ele explica como se dá mundo.
Quero ouvir as explciações do professor ainda.

Também acho coplicado ler pedaços de Ser e Tempo, porque não são partes, capítulos estanques. O raciocínio é uma linha indivisível e caso tenhas perdido um conceito anterior, tudo o mais fica complicado.

Aconselho a ler sistematicamente, da mesma forma que Heidegger expõe sua teoria.

Em breve postarei um link para baixar o livro em pdf.

asdasd disse...

Vou parar de ir nas aulas do Hebeche, tenho que me afundar no Lacan agora.

Mas do pouco que li do Ser e Tempo, não me pareceu o que o Chico falou. É até incrível a capacidade do Heidegger de construir um percurso lógico sobre algo tão além da idéia normal que se tem de conhecimento.