Z. p128 - Da virtude amofinadora

.....Alguns deles querem, mas na maioria apenas são queridos. Alguns são sinceros, mas quase todos eles são maus cômicos.

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Isso não fui eu quem fez!

(sobre fotografia analógica; aproveite o que encaixar no tipo digital)

- A fotografia, a realidade
Uns preferem o naturalismo, o instante decisivo, a verdade jornalística. Outros já deixam a foto caminhar, escrevem de forma impressionista, "destroem" a foto. Mas mesmo aqueles que gostam de fotografar o seu pé com o dos amigos, usando as tão difundidas câmeras point-and-shit, sabem que uma coisa não é a outra.

- O fotógrafo, a fotografia, a re-fotografia
Com isso em mente, qualquer pessoa que segure uma câmera terá uma noção do que vai aparecer na tela do computador (com exceção dos fotoclastas ou dos noctígrafos), já que toda câmera tem um visor. Até acontece, com uma certa frequência, nos surpreendermos com os resultados da revelação. Mas isso é ótimo e não vem ao caso.
Como ninguém tem muito acesso a um estúdio ou câmara escura, a digitalização se faz necessária. Então o grande fotógrafo abre seu paintbrush e manda bala: refaz a fotografia de acordo com sua vontade artística.

- A fotografia, o ANIMAL que aperta o botão da máquina que digitaliza negativos
A pessoa fica até satisfeita, grande parte das vezes, com sua re-fotografia. Um pouco de contraste, um ajuste de cores, quem sabe até uma tranformação para preto-e-branco com filtros simulados de ultra-violeta! Lindo, já dá para postar no Plicker.
Só que chega um belo dia, o fotógrafo desconfiado, tendo que re-fotografar todo um filme, lembra da existência de um ser, talvez uma girafa, ou quem sabe um asno, que aperta o botão que dá andamento no processo milagroso. Então percebe que a criatura, como todo animal que se diz humano, manda - não poderia deixar de fazê-lo - manda a máquina ajustar automaticamente os níveis e balanços. Nada mais que uma ajuda ao fotógrafo, claro.

- A re-digitalização, a re-impressão
Essa grande ajuda só faz com que gastemos nossas tilintantes moedas, nossa paciência e, acima de tudo, nossa crença de que alguém pode fazer algo por nós. Por isso, não deixe de avisar aos responsáveis pelo super-laboratório de revelação fotográfica onde constumas confiar tuas obras - nunca entrei num que esse apelo fosse desnecessário - que não te ajude! Grite para eles não estragarem as fotos, aqueles cavalos! Auto-levels a puta que o pariu!!

Só para mostrar minha indignação com provas empíricas, direto da Ibiza:

Qual foi a foto que minha câmera fotografou segundo minha fotometragem e qual a do maquinista autômato?

Simplesmente incrível como o que facilita para os amadores acaba sendo uma diarréia para os outros!